CRÍTICA | This Is Why e a história de uma banda sem medo
E, no momento atual da jornada, recebemos This Is Why, 6° álbum de estúdio da banda, e até então, seu trabalho mais maduro. É nítido como tudo nesse trabalho alcançou novos níveis. A temática das músicas consegue ser perfeitamente atual, como na catártica The News, ou simplesmente sobre coisas mais triviais, como em Running Out Of Time, que relata o simples fato de Hayley Williams se atrasar muito para seus compromissos.
E falando do primeiro single, a faixa-título mostra com clareza que ainda existem muitos elementos da era After Laughter, mas que dessa vez, se distanciam um pouco dos tópicos depressivos abordados no antecessor.
Nos primeiros segundos, a vontade de dançar já se manifesta de forma quase incontrolável e que em breve, chega a um refrão forte e que já faz plateias mundo afora gritarem o mais alto possível o porquê de serem assim.
Com um pouco mais de 9 minutos, 3 músicas depois e o que já é um terço do álbum (o que é uma das minhas críticas), chegamos a divertida e descompromissada C’est Comme Ça.
O terceiro single teve reações diversas por parte do público. A crítica principal é a repetição do refrão de uma maneira “chata”, mas é justo isso que dá personalidade à música. O incomum título francês, em tradução livre, seria algo como “É assim que as coisas são”.
E é assim que as coisas são. A repetição se torna quase um mantra, e, que aliada ao restante da letra, citada de forma similar a um monólogo, mostra que isso é o Paramore agora. Como na letra: “Odeio admitir que ficar bem é chato, mas o alto custo do caos, quem pode pagar?”. Eles pagaram.
Pagam para sair da mesmice e não se preocupar em às vezes serem uma grande salada de frutas de caos. É uma banda que não busca se segurar nas raízes do passado, mas que ao mesmo tempo, não nega o que o futuro pode proporcionar. As coisas são assim e não tem nada de errado nisso, muito pelo contrário.
E com Big Man, Little Dignity, a primeira metade do álbum se encerra com aquele gosto de quero mais, muito pelo final da música que se encerra em fade out e nos leva a imaginar até onde ela pode ir.
E eles foram. O lado B do disco começa como um alarme do que estaria vindo pela frente. You First traz requintes de raiva acumulada expressados na voz de Hayley e na performance de Animal (igual ao Muppet) de Zac Farro na bateria.
E tudo muito bem ligado pelas guitarras de Taylor York. Assim como ele foi a peça chave para manter a banda viva durante o conturbado período entre a saída dos Irmãos Farro e o retorno de Zac em 2017, ele é praticamente onipresente nesse álbum, seja na produção ou na composição das músicas, algo que ele já havia mostrado excelência nos trabalhos solo de Hayley.
E indo para o fim do álbum, a calmaria chega com Liar. O que parece ser um título para uma música agressiva, se mostra como a mais calma e sentimental do disco. E após termos conhecimento do relacionamento de Hayley e Taylor, a música se torna muito mais especial e real, tirando até as lágrimas de ouvintes mais apegados.
E duas músicas depois, chegamos ao fim do álbum. O que é uma pena, pois são apenas 36 minutos divididos em 10 faixas. Como dito, é a minha principal crítica, dado que algumas músicas poderiam ser mais longas (ou até mesmo ser um disco com um número maior de canções).
Thick Skull fecha a jornada com os melhores vocais de Hayley desde a época de Brand New Eyes, mostrando sua constante evolução como artista e contadora de histórias. E, curiosamente, a última faixa foi a primeira música composta para This Is Why. E é a síntese do motivo dessa crítica: é uma faixa sem medo.
Não há receio de tentar coisas novas e ir a caminhos desconhecidos. O trio se mostra mais unido do que nunca e nos deixa ansiosos para os próximos passos. Sortudo é aquele que poderá ver a banda ao vivo na turnê que se aproxima com sua performance enérgica e inesquecível.
Eles não tiveram medo de fazer diferente, então, o que posso dizer, é que não espero nada deles, pois já sei que irei me surpreender e eles vão entregar mais do que eu posso imaginar.
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